Uma vida feita de escolhas



Desde o início da vida somos obrigados a fazer escolhas todos os dias. Quando somos crianças, é a família que acaba fazendo a maior parte delas, seja escolhendo a roupa para o passeio da tarde ou a escola onde estudamos.

Já na adolescência as escolhas são divididas, os pais continuam com um certo poder de decisão. Mas é no final dessa fase, um tanto problemática, que enfrentamos o tão temido vestibular e aquela pressão para escolher uma profissão para o resto da vida, está lá te assombrando durante o último ano da escola.

É nesse momento que o medo parece dominar, são tantas possibilidades, tantos futuros possíveis que assusta, e muito. Existem aqueles que desde criança sonham em ser médicos, advogados ou engenheiros. Para eles a escolha já era certa há muito tempo.

Mas, e quanto aos jovens indecisos? Aquelas que chegam ao último ano completamente perdidos sem saber o que escolher. Bom, eu estive nesse grupo. E foi difícil, principalmente no final do ano quando iniciou as inscrições para o vestibular. Aquele maldito quadrado de opção de curso que não podia ficar em branco, me deixou inquieta.

Como todo bom indeciso, escolhi fazer Direito, sob o pretexto de gostar muito de ler. Acontece que a realidade da faculdade, ao mesmo tempo que me deslumbrou, também me apavorou. Logo no primeiro semestre a vontade de desistir foi enorme. Minha intuição dizia que não deveria estar ali, mas a ignorei, afinal era o semestre de adaptação ao curso, aos professores e a nova rotina. Acreditei que tudo iria melhorar... Eu não poderia estar mais errada.

Levei o curso com a barriga o máximo que pude, já não prestava mais atenção e faltava aula sempre que podia, até que chegou um ponto que não poderia mais me enganar e fingir que estava tudo bem, porque não estava. Todos os dias via meus amigos super empolgados contando sobre o trabalho no estágio e tirando dúvidas sobre casos concretos com os professores enquanto eu chegava na aula completamente sem ânimo, e saía com a certeza de que estava no lugar errado.

Demorei exatos 2 anos e meio, 5 semestres para criar coragem e dizer a minha família que o Direito não era a profissão que eu seguiria para o resto da vida. O mundo das leis, jurisprudências, súmulas, códigos e processos definitivamente não era onde eu queria estar. No dia em que assinei o requerimento para trancar a vaga, tive a sensação de que um peso enorme saiu de cima dos meus ombros. No final de junho de 2016, deixei a então DI5TA.

Seis meses depois tudo mudou radicalmente, nova cidade, novo curso, novos amigos, novos desafios e novas responsabilidades. A vida seguiu por um caminho, totalmente, não planejado. Mas iniciei o terceiro ano morando em São Paulo com uma saudade enorme e uma leve nostalgia. No último dia 23 de janeiro, aconteceu a solenidade de formatura da DI10TA e acompanhar tudo pelas fotos e vídeos das redes sociais foi nostálgico e reconfortante, mas também tristonho e comovente. Aos novos bacharéis, meus parabéns! 

Deu um enorme aperto no coração porque infelizmente não tive a oportunidade de estar presente neste momento tão importante, não pude abraçar e comemorar com meus queridos amigos. Sacrifícios da vida, foi como a Carol, que atualmente mora em Curitiba, descreveu essa situação de querer estar lá, mas não poder.

Minhas escolhas me levaram para longe da cidade onde cresci, portanto, perder datas importantes é uma consequência direta disso. Esta é a grande aventura, aprender a lidar com a saudade diária, e mesmo de longe ser presente de alguma forma.

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